segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Igreja e a verdade cotidiana

O que é o movimento da renovação carismática? Será um movimento herético de abandono à liturgia? Será um movimento realmente inspirado pelo Espírito Santo? Acaso estamos caindo em uma ruptura com a Igreja?


Qual deve ser a posição doutrinal de um católico diante deste movimento e de suas práticas?
Façamos um breve e resumido estudo para termos bases para solucionar estas confusões.
Procurando sempre seguir o Sagrado Magistério.

Catecismo da Igreja Católica

Consulte-mos o Catecismo:
2468. A verdade, como retidão da ação e da palavra humana, chama-se veracidade, sinceridade ou franqueza. A verdade ou veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro nos actos e em dizer a verdade nas palavras, evitando a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.
2469. «Os homens não seriam capazes de viver juntos, se não tivessem confiança uns nos outros, isto é, se não se dissessem a verdade» (226). A virtude da veracidade dá justamente a outrem o que lhe é devido. A veracidade observa um justo meio-termo entre o que deve ser dito e o segredo que deve ser guardado: implica honestidade e discrição. Por justiça, «um homem deve honestamente ao outro a manifestação da verdade» (227).
2488. O direito à comunicação da verdade não é absoluto. Cada um deve conformar a sua vida com o preceito evangélico do amor fraterno, mas este requer, em situações concretas, que avaliemos se convém ou não revelar a verdade a quem a pede.
2489. É a caridade e o respeito pela verdade que devem ditar a resposta a qualquer pedido de informação ou de comunicação. O bem e a segurança de outrem, o respeito pela vida privada e pelo bem comum, são razões suficientes para calar o que não deve ser conhecido ou para usar uma linguagem discreta. Muitas vezes, o dever de evitar o escândalo impõe uma estrita discrição. Ninguém é obrigado a revelar a verdade a quem não tem o direito de a conhecer (240).
2491. Os segredos profissionais – conhecidos, por exemplo, por políticos, militares, médicos, juristas – ou as confidências feitas sob sigilo, devem ser guardados, salvo em casos excepcionais em que a retenção do segredo poderia causar a quem o confiou, a quem o recebeu, ou a terceiros, danos muito graves e somente evitáveis pela revelação da verdade. Mesmo que não tenham sido confiadas sob sigilo, as informações particulares prejudiciais a outrem não devem ser divulgadas sem uma razão grave e proporcionada.

Compromisso com a verdade

Nós como cristãos devemos sempre buscar e anunciar a verdade no nosso cotidiano. O que significa isso? Devemos evitar mentir, caluniar, fingir ou sermos falsos como vemos no Catecismo.

Quando uma pessoa cometer um erro devemos ter a sinceridade de repreender-lhe ou corrigir-lhe se for viável. Por exemplo, você vê um amigo seu querendo começar a fumar, seria cristão de sua parte corrigí-lo explicando-lhe porque isso é errado de maneira fraterna e respeitosa. Porém cabe uma ressalva aqui: e se minha sinceridade for piorar a pessoa no pecado? Por exemplo, se tem uma pessoa na escola que já não gosta de você, corrigir ela pode acrescentar mais pecados à esta pessoa do que realmente ajudá-la, afinal, o objetivo não é jogar erros na cara, mas buscar um meio de chamar a atenção daquela pessoa ao pecado que está fazendo para que pare com isso. Muitas vezes devemos esperar o momento onde a pessoa nos dá oportunidade para sermos francos.

Compromisso com o silêncio

Conforme o Catecismo nos mostra claramente "O direito à comunicação da verdade não é absoluto.". O que significa isso? Significa que a pessoa tem o direito de dizer a verdade, mas isso não é obrigação, pois a mesma pessoa tem o direito do silêncio e esta escolha não é governada por opinião pessoal, pois o catecismo nos mostra claramente como tem que ser o critério e este critério é justamente a caridade em Cristo.

Como assim? Por exemplo, não há necessidade de se falar o quão grave será a doença de uma pessoa para deixá-la em desespero, isso não é mentirou mascarar o fato, isto é ser caridoso e guardar no silêncio uma palavra que não trará benefícios para a situação, mas pelo contrário prejuízos, porém há de informá-la que o estado dela não é muito bom e que ela corre o risco de algo sério à fim de que ela não seja impedida de preparar as Exéquias.

Outro exemplo, não há necessidade de se falar que uma pessoa está ridícula, mas pode-se dizer à ela que não ficou muito legal e ela talvez devesse mudar alguma peça ou não usar outra. No trabalho ou mesmo na Igreja ficar reclamando de dificuldades sem ter o objetivo de resolvê-las apenas afastará as pessoas da Igreja em vez de santificar sua paróquia, por isso neste caso seria caridoso o exercício do silêncio.

Com isso vemos que o compromisso com o silêncio não se trata apenas do direito de omitir palavras com tal sinceridade que chegam a ser rudes e apenas trazem discórdia, mas também se trata da discrição que é evitar escândalo para a outra pessoa. Notem que falar a verdade e guardar no silêncio são direitos, mas evitar escândalo é um dever, por isso devemos acima de tudo nos cuidar para não expormos o que nos foi confiado pelo outro de maneira a não destruir o laço de confiança e nem de causar escândalo ou discórdia.

Correção fraterna

Se uma pessoa precisa ser corrigida e ela virar a cara para você após a correção pode ser viável buscar a alternativa do amigo, pois falar diretamente pode incorrer na pessoa pecar mais ainda por sentir raiva ou negar o pecado de pirraça e se você está fazendo seu irmão pecar por causa de suas palavras então provavelmente você está fazendo algo errado e é sábio. Quantas vezes um pai não consegue ensinar determinada coisa à seu filho, mas com a mãe que a criança tem mais afinidade a conversa é muito mais produtiva? Então a ajuda de outros não é algo prejudicial, mas é recomendação na vida cristã, veja o que São Paulo nos recomenda:
"Irmãos, no caso de alguém ser surpreendido numa falta, vós que sois espirituais, corrigi esse tal, em espírito de mansidão ( mas não descuides de ti mesmo, para não seres surpreendido, tu também, pela tentação )." (Gl 6, 1)
Ou ainda como Jesus em pessoa nos ensina:
"Se o teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir, ganhaste o teu irmão. Se não te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decidida pela palavra de duas ou três testemunhas. Caso não lhes der ouvido, dizei-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o como o gentio ou o publicano." (Mt 18, 15-17)
Com isso podemos ver que buscar a ajuda do irmão para corrigir outro é não só uma atitude cristã, mas clara recomendação de Jesus para o problema do que podemos chamar de "teimar no pecado". Por exemplo, se um filho tenta corrigir seu pai e ele não escuta, não há problema em chamar a mãe e contar-lhe o problema de maneira que a mãe em comunhão com o filho tentem novamente corrigir o pai, mas desta vez juntos, ou ainda a mãe pode tentar levar o filho a compreender a atitude do pai e chegarem a um acordo.

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