Catecismo da Igreja Católica
1807. A justiça é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se «virtude da religião». Para com os homens, a justiça leva a respeitar os direitos de cada qual e a estabelecer, nas relações humanas, a harmonia que promove a equidade em relação às pessoas e ao bem comum. O homem justo, tantas vezes evocado nos livros santos, distingue-se pela retidão habitual dos seus pensamentos e da sua conduta para com o próximo. «Não cometerás injustiças nos julgamentos. Não favorecerás o pobre, nem serás complacente para com os poderosos. Julgarás o teu próximo com imparcialidade» (Lv 19, 15). «Senhores, dai aos vossos escravos o que é justo e equitativo, considerando que também vós tendes um Senhor no céu» (Cl 4, 1).
O que significa ela?
A virtude da justiça nos torna justos. Mas o que é ser justo? Ser justo é dar a cada um o que é devido. Somos todos iguais perante à Deus? Mas é claro que não, muito pelo contrário, somos todos diferentes e filhos únicos. Um erro grave que cometemos é achar que tratar todo mundo igual é ser justo, porém é justamente o oposto: você estará sendo injusto.Quem merecer reconhecimento, deve ser reconhecido. Quem merecer punição, deve ser punido. Por acaso não perdemos a credibilidade no governo quando um político corrupto não é preso mesmo que comprovado seus crimes? Pois bem, a partir deste exemplo que todo brasileiro fica revoltado, podemos perceber que a falta de atitudes justas, ou seja, dar a cada um a consequência de sua ação, seja esta consequência agradável ou não, é sinônimo de revolta, dificuldades e perda de respeito por quem está julgando a situação (que pode ser um tribunal ou pode ser até mesmo você julgando atitudes do seu irmão).
Muitas pessoas proliferam que julgar os outro é errado levando ao extremo a frase de Jesus: "Não julgueis, e não sereis julgados." (Mt 7, 1) e ignorando o resto do capítulo. Porém se você ler o restante vai ver que Jesus não está condenando o julgamento, mas está dizendo que com o peso que julgar seus irmãos, você será julgado e que é injusto você julgar os outros sem olhar para si mesmo (porém se você for justo e julgar a si mesmo e às atitudes de seu irmão, é algo bom, afinal, sem julgarmos as consequências e causas das ações de nossos irmãos, como poderíamos corrigir eles?). São Paulo nos mostra que o julgamento é necessário: "Pois que tenho eu de julgar os que estão fora? Não são os de dentro que deveis julgar? Os de fora é Deus que os julgará... Tirai o perverso do vosso meio." (I Cor 5, 12-13).
Estão vendo? Julgar não é errado e inclusive é necessário, pois todas as nossas decisões passam por julgamentos de causas e consequências. Se julgar fosse errado não existiria um órgão do Vaticano que julga os hereges. Claro que devemos buscar a justiça em nossos julgamentos e em nossas ações, jamais devemos esquecer isso. Ora, se julgarmos nosso irmão com justiça, o mesmo tipo de julgamento justo será aplicado à você (como Jesus disse), e isso por acaso é ruim? Se julgar justamente, justamente será julgado, se julgar injustamente, injustamente será julgado. Isso é de alguma forma ruim? Ser julgado justamente não é o que todos queremos? Infelizmente deveria ser, mas as pessoas tem uma mentalidade de "jeitinho brasileiro", onde quando recebem a punição pelo que fizeram de errado, tem a indecência de ficar indignada ou revoltada.
Outra coisa errada é a visão socialista do mundo onde todos devem ter as mesmas coisas. Isso é completamente injusto. Aquele que estudou mais e se esforçou mais para chegar onde está, certamente merece maior reconhecimento e aquele que cedeu à preguiça ou falta de esforço, certamente merece as dificuldades que tem. Claro que há injustiças atualmente, como pessoas que estudaram e que se esforçam e não tem oportunidade, isso é injusto. Porém é injusto também ouvirmos pessoas invejosas que não estudam e nem se esforçam olhar para quem chegou lá em cima com suor honesto e falar: "Não é justo ele ter mais que eu".
Exemplos
Quando olhamos para Jesus, vemos sempre o melhor exemplo das virtudes cardeais e com a justiça não poderia ser diferente. Talvez o maior exemplo de justiça de Jesus seja na frase: "Dai à César o que é de César e dai à Deus o que é de Deus". Que frase magnífica. Jesus foi tão justo que os fariseus não puderam contra argumentar com esta proposição de nosso Mestre, pois qualquer coisa fora disso seria injustiça.Jesus manda tratarmos Deus diferente de César. Se devo pagar imposto à César, que pague, pois é assim que a sociedade da época funciona e você está inserida nela. Porém, se Deus quer culto e obediência, então deve dar isso à Ele. O mesmo vale para tudo na nossa vida. Dai à seu namorado (a) o que lhe é devido: amor, carinho, atenção, etc. Dai ao seus amigos o que lhes é devido. Lembrando que você jamais deve tratar seu namorado como amigo ou seus amigos como namorados, os tratamentos devem ser justos. Um marido deve priorizar a esposa antes dos amigos, isso é justo. Uma padre deve priorizar sua vida religiosa e a missa antes de sua própria família. Nós devemos priorizar nossos pais antes dos tios por exemplos. Com isso, jamais iremos tratar duas pessoas iguais. Não devemos dar a mesma confiança à quem não merece e nem elogios mentirosos à quem fez tudo errado.
Temos ainda muitos outros exemplos mais práticos:
- Respeitar os direito humanos (todos os homens tem estes direitos básicos por serem homens e não animais, porém estes direitos não fazem tratar todos os homens iguais em tudo, mas somente no que condiz com sua natureza).
- Cumprir suas promessas, afinal, se você ofereceu algo à alguém, é justo que esta pessoa receba o prometido.
- Tratar cada filho diferente: o que fizer mais bagunça deverá receber mais punição e o que fizer menos, deverá receber menos.
- Ao se prometer uma punição, não desistir de executá-la, porém deixar claro o motivo de tal punição.
- Devolver um troco que veio errado.
- Não ficar burlando fiscalizações ou regras dos locais, como pagar meio ingresso no cinema sendo que a pessoa deveria pagar inteira.
- Não mentir para resolver os problemas.
- Julgar as ações do seu irmão baseados em causas e consequências reais e honestas e não baseado em achismos ou conversinhas.
- Não tentar burlar o imposto de renda.
- Não usar de algo que não deveria só porque ninguém está vendo.
- Calotear um empréstimo.
