quinta-feira, 2 de agosto de 2012

As Virtudes Cardeais

O que são as virtudes? Quais são elas? O que a Igreja nos ensina sobre elas? Como ser virtuoso.
As Virtudes Cardeais

Catecismo da Igreja Católica

1803. «Tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento» (Fl 4, 8).
A virtude é uma disposição habitual e firme para praticar o bem. Permite à pessoa não somente praticar actos bons, mas dar o melhor de si mesma. A pessoa virtuosa tende para o bem com todas as suas forças sensíveis e espirituais; procura o bem e opta por ele em actos concretos. "O fim duma vida virtuosa consiste em tornar-se semelhante a Deus" (São Gregório de Nissa).
1804. As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade, que regulam os nossos actos, ordenam as nossas paixões e guiam o nosso procedimento segundo a razão e a fé. Conferem facilidade, domínio e alegria para se levar uma vida moralmente boa. Homem virtuoso é aquele que livremente pratica o bem.
As virtudes morais são humanamente adquiridas. São os frutos e os germes de actos moralmente bons e dispõem todas as potencialidades do ser humano para comungar no amor divino.
1805. Há quatro virtudes que desempenham um papel de charneira. Por isso, se chamam «cardeais»; todas as outras se agrupam em torno delas. São: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. «Se alguém ama a justiça, o fruto dos seus trabalhos são as virtudes, porque ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza» (Sb 8, 7). Com estes ou outros nomes, estas virtudes são louvadas em numerosas passagens da Sagrada Escritura.

O que são as Virtudes Cardeais?

O Catecismo nos ensina que as virtudes cardeais são humanas e tratam na realidade não de um ato ou feito de uma pessoa, mas de uma disposição habitual, ou seja, um hábito dentro dessa pessoa, com isso podemos ver que virtudes humanas não são exclusivos de santos e nem são sobrenaturais, mas são esforços humanos acessíveis à todos, basta termos "vergonha na cara" e procurar praticá-las no nosso dia a dia.

Note também que São Paulo nos relaciona estes bons hábitos com outras coisas que também devemos ter em mente como a boa reputação (sim, para um cristão o que os outros pensam é importante, pois o cristão não deve dar margem à más interpretações de si, portanto o pensamento: "Ninguém paga as minhas contas" é claramente contra a moral cristã), o que é amável (tudo o que for agradável e saudável como por exemplo um "por favor" ou um "obrigado" também faz parte do cristão) e tudo o que é digno de louvor (tudo o que for elogiável nas coisas e nos lembrar de Deus também temos que guardar conosco e não apenas o que é repreensível). É interessante notar que estas coisas que São Paulo relaciona com as virtudes acabam sendo muito facilitadas ao exercê-las.

Temos dois doutores da Igreja que nos resumem de maneira prática o que são virtudes:
  • Santo Agostinho diz que "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente".
  • Santo Tomás de Aquino diz que "a virtude é um hábito do bem, ao contrário do hábito para o mal ou o vício".

Como ser virtuoso?

Alimentando estes bons hábitos diariamente. Se diariamente fumamos, vamos alimentando um  hábito de fumo. Se irmos no bar diariamente, vamos alimentando um  hábito de ir ao bar sempre. Se diariamente acordamos cedo, vamos alimentando um  hábito de levantar cedo. Se diariamente lemos um livro, alimentando um  hábito de leitura. Se diariamente comemos coisas gordurosas, vamos alimentando um hábito de comer coisas pouco saudáveis. Se diariamente xingamos, vamos alimentando o hábito de xingar os outros. Se diariamente trabalhamos em pastorais da igreja, vamos alimentando o hábito de fazer algo para a Igreja e de pregar o Evangelho.

Realmente é triste muitos católicos não pregarem e agirem conforme o Evangelho no trabalho, em casa, na rua, nas festas, nas mídias ou na internet. Porém agir direitinho dentro da Igreja já é um primeiro passo para alimentar as virtudes. Se você exercitar elas em um lugar, logo terá mais facilidade de exercitá-la em outros. Claro que aqui não estou defendendo a pessoa que é duas caras, isto é condenável, mas a que honestamente deseja se aproximar da perfeição de Cristo é elogiável.

Sendo assim parece fácil ser virtuoso não é? Basta eu fazer algo todos os dias e vou me acostumar. Sim, realmente é simples assim, se não fosse o Pecado Original. A nossa situação decorrente do Pecado Original nos afastou tanto de Deus que temos certa repulsa às coisas Dele e achamos ruim quando alguém nos corrige ou nos cobra atitudes virtuosas e cristãs (quantos agradecem por serem corrigidos sempre que preciso?).

Devemos ter caridade com estes irmãos, pois cada um tem dificuldade em uma coisa e diante deste panorama podemos ver que quase todos nós somos viciados em sermos egoístas, maldosos, interesseiros, ávidos de poder, esquecermos de Deus, colocar nossa vontade antes da vontade de Deus, etc. Uma vez no vício ficamos cego às consequências de nossas ações ou simplesmente fazemos vista grossa. Quem fuma sabe que está se matando, mas insiste em fingir que isso é irrelevante e acha ruim se alguém o chamar atenção sobre isso. O mesmo acontece com todos os outros vícios, sejam espirituais ou físicos.
Com isso podemos ver que na prática não é tão simples, mas não existe mágica, temos que exercitar todos os dias as virtudes cardeais com nossos esforços, claro com auxílio da graça de Deus, mas a graça só pode atuar onde o homem concente à Deus.

Quais são as virtudes cardeais?

São enumeradas quatro virtudes cardeais as quais as outras provêm delas:
  • Prudência
  • Justiça
  • Fortaleza
  • Temperança
Infelizmente estas virtudes foram jogadas em segundo plano na vida dos católicos. Quantos padres já ouvimos falar delas? Quantos pregadores? Quantos pais e mães orientam seus filhos falando delas. Claro que vezes ou outro acabamos chamando a atenção à elas nas ações: "Seja prudente nas ações", mas os católicos buscam ter o hábito destas ações inscritos em seus corações.

O que se fala delas atualmente entre os católicos é suficiente para um não-católico que vive e se alimenta do mundo, para nós existe uma riqueza muito maior e podemos ver como nos aproximam de Deus. Como algo que nos torna tão semelhantes à Deus nas ações pode ser ensinados à nossos filhos, filhas, crianças, adolescentes, adultos e idosos de maneira tão secundária? Quantos católicos sabem responder quais as quatro virtudes cardeais?

O mundo ensina a termo ações virtuosas em circuntâncias específicas movidas por interesse (só sou justo com meus amigos, com os inimigos não: "Dois pesos e duas medidas") e de maneira geral no mundo os pais/catequistas/padres/leigos católicos atualmente por falta de ler o Catecismo ou por afrouxamento na doutrina caem no mesmo erro. Mas os católicos desejam que muito além de atitudes virtuosas (que são louváveis, mas nem sempre são "de coração"), as virtudes estejam escritas em seu coração e sua mente.

Daremos continuidade trabalhando cada uma delas detalhadamente.

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